Setor de transportes do Estado teme que duplicação efetiva da BR-060 fique no papel
A Capital foi palco, nesta terça-feira (3), do 9º Encontro Regional do PNL (Plano Nacional de Logística) 2050, evento que faz parte da segunda etapa de elaboração do plano, promovido pelo Ministério dos Transportes. A reunião reuniu representantes do governo federal, setor produtivo e especialistas para discutir os principais desafios e oportunidades da logística na Região Centro-Oeste.
Um dos participantes no encontrou foi o presidente do Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul), Cláudio Cavol, que manifestou preocupação com o futuro da BR-060, no trecho entre Campo Grande e Sidrolândia. O temor é que a rodovia não receba, de fato, a duplicação prometida.
“A duplicação da BR-060 é essencial para o desenvolvimento da nossa região, até porque é uma região agrícola bastante desenvolvida e está virando também uma região muito industrializada. Mas, estamos com medo que seja mais uma maquiagem nessa rodovia e que não venha atender os anseios da sociedade. Precisamos que ela seja realmente duplicada, é necessária, é um pedaço da 060 que tem um tráfego muito intenso e isso só fará bem ao Mato Grosso do Sul”, pontua.
Conforme noticiado pelo O Estado recentemente, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) publicou o aviso de licitação para contratar uma empresa de engenharia responsável pela elaboração dos projetos básico e executivo da duplicação da BR-060, no trecho de 56,5 quilômetros entre Campo Grande e Sidrolândia.
Presidente do Setlog cita necessidade de medidas eficientes no setor do transporte – Foto: Roberta Martins
O projeto prevê alargamento de cinco metros para cada lado, divisor de tráfego em concreto, canteiro central no km 423 para uso do Corpo de Bombeiros, ciclovias, viaduto sobre o contorno ferroviário da Capital e acesso a frigorífico. O valor estimado da contratação é de R$ 6 milhões.
Assim como a BR-060, que tem uma grande importância logística para o Estado. Autoridades se reuniram ontem para discutir os prós e contras do segmento que move as produções de Mato Grosos do Sul.
Durante o 9º Encontro Regional do Plano Nacional de Logística 2050, que teve como tema a “Participação Social para Construção do Diagnóstico do PNL 2050”, o secretário da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) Jaime Verruck reforçou que o Estado que ocupa posição de destaque no agronegócio brasileiro e depende de um sistema logístico eficiente para manter sua competitividade nos mercados interno e externo.
“O Governo tem priorizado como gargalo a questão da ferrovia. Nós entendemos que essa é uma prioridade, porque o Governo entendeu que as rodovias nós temos dois projetos já em avanço. Então o Estado hoje o ponto principal de gargalo é a questão ferroviária e o segundo que ainda não é um gargalo que é que ele vai ser uma parte da solução é a Rota Bioceânica”, salientou.
erruck enfatizou que a competitividade na logística exige a redução de custo e de tempo. “Essas são as duas grandes questões. Para isso a gente precisa investir em logística. Então o que estamos discutindo é a importância de que hoje nós temos ainda um gargalo que é a ferrovia. Essa matriz tem que ser alterada. E é o que está se discutindo. Olhando para um horizonte de longo prazo é como o Brasil vai ter os investimentos. Só que vai ter que priorizar, isso foi destacado pelo Governo Federal. Não existem recursos para fazer tudo que é necessário, nem estadual, nem federal. Então a gente tem que priorizar onde são os principais gargalos”, complementou.
Escuta efetiva
O presidente do Setlog, Cláudio Cavol, destacou a importância da participação do setor produtivo na construção do plano e frisou que o PNL deve ser visto como um projeto de Estado, desvinculado de interesses de governos ou ideologias.
“O Plano Nacional de Logística visa escutar a iniciativa privada e os governos locais sobre melhorias na logística, que hoje é o segmento mais importante para o desenvolvimento do país. É um plano que toda a sociedade deve construir para o bem do Brasil, para que nossos produtos sejam transportados com mais segurança, mais eficiência e o menor custo possível”, ressaltou Cavol.
Ele ainda explicou que, embora temas específicos como a rota da celulose não sejam o foco central do encontro, a discussão abrange os principais gargalos que impactam todo o Centro-Oeste, incluindo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Planejando o futuro
Representando a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), o diretor financeiro Frederico Stella chamou a atenção para um ponto específico que preocupa a Federação. A BR-419, que liga o norte do Estado ao Mato Grosso, ainda possui trechos sem asfalto. Segundo ele, essa obra é imprescindível para garantir a plena operação da Rota Bioceânica, que deve se consolidar até 2027 com a conclusão da ponte sobre o Rio Paraguai e outros trechos em território paraguaio.
Responsável pela pesquisa, diagnóstico e medidas de internações para os problemas, o Ministério dos Transportes participou com a escuta ativa na cerimônia. De acordo com a subsecretária substituta de Fomento e Planejamento do Ministério dos Transportes, Larissa Spinola, o encontro em Campo Grande faz parte de um processo que busca construir um plano de longo prazo.
“Já fizemos a fase de entender as matrizes origem-destino e agora estamos na fase de diagnóstico. Nosso objetivo aqui é ouvir se esse diagnóstico faz sentido para a região, se precisamos fazer ajustes, e isso só é possível com a participação do setor produtivo e da sociedade”, explicou.
A subsecretária também reforçou que o plano trará um diferencial: os indicadores logísticos serão atualizados anualmente no portal do Planejamento Integrado de Transportes, permitindo que qualquer cidadão ou entidade acompanhe e cobre as ações previstas.
O PNL 2050 está previsto para ser concluído em dezembro deste ano. Para as próximas etapas o processo seguirá para a priorização dos problemas identificados, e, na sequência, para a definição das soluções, como obras e investimentos necessários.
Por Inez Nazira
Fonte: O Estado Online