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Rota 16 e a obra esquecida

Enquanto o governo nacional anuncia planos de privatização e projetos multimilionários em outras regiões do país, a Rodovia Nacional 16 — que passa por Salta — parece ter sido completamente relegada. Nenhuma menção em declarações oficiais, nenhuma promessa cumprida. As obras de repavimentação que estavam programadas para continuar até o final de 2023 foram interrompidas bruscamente, e o que vemos hoje são buracos se multiplicando, estradas se deteriorando e crescente incerteza entre aqueles que trafegam por esta artéria vital.

Esta rota não só conecta cidades como El Quebrachal, Joaquín V. González e El Galpón, mas também as conecta às capitais de Salta, Tucumán e Jujuy. Também faz parte do Corredor Bioceânico que liga o noroeste da Argentina ao Brasil e ao Paraguai, com um tráfego estimado de mais de 1.500 veículos diariamente.

Até dezembro do ano passado, a repavimentação estava em andamento entre El Bordo e El Galpón. Restaram aproximadamente 25 quilômetros pendentes até o entroncamento com a RN 9/34, além de todo o trecho entre El Galpón e El Quebrachal. Hoje, não só não há continuidade no projeto como ele nem está no radar do Ministério da Economia ou da Administração Nacional de Rodovias.

O discurso oficial agora aponta para um modelo de parceria público-privada (PPP) semelhante ao do Chile, no qual 11 trechos de rotas nacionais serão licitados sob concessão. Mas esse sistema, em países como a Argentina, cobre apenas os 3.000 ou 4.000 km mais rentáveis, deixando de fora áreas como o interior de Salta, onde o fluxo de tráfego não garante rentabilidade imediata.

É preciso dizer claramente: em países com grandes extensões rodoviárias, como Argentina, Brasil e Canadá, as PPPs não funcionaram. E se o plano de Milei é fechar a Corredores Viales SA e privatizar tudo sem qualquer contribuição do Estado, projetos não lucrativos — como a Rota 16 — não vão acontecer. O mais grave é que isso nem se discute. Ninguém afirma isso. Ninguém a defende.

Nem o 5º Distrito Rodoviário Nacional em Salta nem as comunicações oficiais mencionam esta rota. Fala-se em duplicar a RN 9/34, em trabalhar na 51 e na 68. Mas nada foi dito sobre a 16. O silêncio é total.

Diante dessa situação, é urgente que as autoridades dos municípios afetados, prefeitos e legisladores dos departamentos de Anta e Metán, se unam em ações concretas. Não basta esperar que um governo centralizado em Buenos Aires se lembre de que existimos. Se não for gerenciado a partir do território, ninguém virá fazer isso.

Talvez seja hora de formar um comitê de gestão ou de crise para colocar a questão na mesa, viajar, fazer exigências. Porque à medida que o planejamento estatal desaparece, o que resta é a realidade do asfalto quebrado e uma região que está começando a ficar isolada.

José Alberto Coria | Diretor da Southern Express

Fonte: Expression del Sur

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