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O megaprojeto que transformará a América do Sul: a aposta secreta multimilionária que pode deslocar o Canal do Panamá

O comércio internacional está mudando de rumo, e a América do Sul pode se tornar seu novo centro graças a um projeto colossal de rodovia que corta o coração do continente. O Paraguai, juntamente com Brasil, Argentina e Chile, promove um projeto que visa redefinir os canais tradicionais de exportação para a Ásia, com impacto direto na economia, na logística e na geopolítica regional. O Canal do Panamá está prestes a perder importância?01:5503:12

Paraguai lidera revolução logística na América do Sul

O Paraguai embarcou em uma das transformações mais ambiciosas de sua história moderna: superar sua dependência dos portos atlânticos e do Canal do Panamá por meio da construção do Corredor Rodoviário Bioceânico. Esta imponente rodovia de 2.290 quilômetros conectará Brasil, Argentina, Paraguai e Chile por terra, criando uma nova rota de exportação que encurtará os prazos de entrega, reduzirá custos e abrirá acesso direto ao mercado asiático.

Canal do Panamá
© José Mário Espinoza

O projeto, que muitos já estão comparando a um “clone terrestre” do Canal do Panamá, tem um custo estimado de US$ 450 milhões. Seu objetivo é conectar os portos do Pacífico chileno com os do Atlântico brasileiro, cruzando o centro do continente e criando um acesso logístico sem precedentes.

O novo “canal” que encurtará rotas para a Ásia

A ideia por trás deste corredor é clara: reduzir drasticamente o tempo de transporte de cargas entre a América do Sul e a Ásia. Atualmente, um navio partindo do Brasil pode levar mais de 60 dias para chegar ao Japão . Graças ao Corredor Bioceânico, esse número pode ser reduzido pela metade se as exportações forem redirecionadas por portos do norte do Chile, como Antofagasta, Iquique ou Mejillones.

A economia não será apenas em dias, mas também em distâncias. Autoridades paraguaias garantem que até 8.000 quilômetros de transporte para a China serão cortados. Dessa forma, os produtos sul-americanos se tornarão mais competitivos em termos de prazo de entrega e custos logísticos.

Além disso, estima-se que os custos operacionais de exportação sejam reduzidos em 20% e os tempos de envio em até 66%. Isso implicaria uma transformação radical para as economias regionais , especialmente para o Paraguai, que busca se posicionar como um novo polo logístico continental.

A Rota do Corredor: Uma Rodovia Transcontinental

O Corredor Rodoviário Bioceânico cobrirá pontos estratégicos nos quatro países envolvidos. No Brasil, partirá do porto de Murtinho e cruzará o Mato Grosso do Sul. No Paraguai, cruzará toda a região do Chaco, incluindo Carmelo Peralta e Pozo Hondo. Em seguida, continuará pelo norte da Argentina, abrangendo as províncias de Salta e Jujuy, com passagens de fronteira como Misión La Paz e Socompa. Por fim, a viagem culminará no Chile, de onde a carga será distribuída por vários portos para a Ásia.

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© Pexels – iStock.

Essa interconexão não só acelerará o comércio, mas também impulsionará regiões que até agora estavam isoladas das principais rotas internacionais. Áreas como o Chaco paraguaio ou o norte da Argentina desempenharão um papel de liderança na nova economia continental .

De onde vem o financiamento?

O projeto é apoiado pelo Banco de Desenvolvimento Fonplata e coordenado pelo Ministério de Obras Públicas e Comunicações (MOPC) do Paraguai. O investimento de US$ 450 milhões está sendo usado para construir estradas, passagens de fronteira, portos e até mesmo projetos complementares de ferrovias e hidrovias.

A infraestrutura está sendo implementada de forma gradual e coordenada entre os países envolvidos. O Chile, por exemplo, já anunciou melhorias em suas rotas nacionais, conexões portuárias e pontos de acesso estratégicos, como a Rota 1, a Rota 16, o porto de Mejillones e as passagens de fronteira de Jama e Sico.

Um impacto direto na economia paraguaia

Além dos benefícios ao comércio exterior, o Paraguai espera que o corredor impulsione seu desenvolvimento interno. O governo projetou que o Corredor Bioceânico gerará milhares de empregos, atrairá novos investimentos e incentivará o estabelecimento de indústrias em áreas que foram negligenciadas até agora, especialmente no Chaco.

Se implementado conforme o planejado, o Paraguai deixará de ser um país sem litoral e se tornará um ator fundamental nas exportações sul-americanas, graças a essa rede que o conecta diretamente aos portos do Pacífico.

Mais rápido que o Canal do Panamá?

Uma das razões pelas quais esse corredor é considerado revolucionário é a velocidade com que ele permitirá acesso aos principais destinos comerciais. Segundo dados do governo chileno, uma rota de Antofagasta a Xangai levaria apenas 42 dias, cobrindo 10.080 milhas náuticas. Em comparação, a rota usual pelo Canal do Panamá leva cerca de 54 dias e mais de 13.000 milhas náuticas.

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Essa economia de tempo e distância torna o Corredor Bioceânico uma alternativa viável e poderosa ao canal interoceânico tradicional. E embora não substitua completamente o Canal do Panamá, pode tirar sua importância na exportação de certos produtos importantes da América do Sul para a Ásia.

Um antes e depois no mapa comercial

Com este projeto, o Paraguai pretende deixar de ser um país “isolado” para se tornar um polo logístico continental. A infraestrutura do Corredor Bioceânico não apenas fortalecerá sua posição estratégica, mas também marcará uma nova era na conectividade e no comércio da América do Sul.

O futuro das exportações não dependerá mais exclusivamente do Mar do Caribe ou do Canal do Panamá. Uma rodovia terrestre que atravessa a espinha dorsal da América do Sul está prestes a mudar as regras do jogo. Os países estão prontos para esse novo roteiro global?

[Fonte: La República ]

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