Governo de Boric faz anúncio sobre o Corredor Bioceânico: do Brasil ao Chile ficará pronto em 2026
Há grande expectativa no Brasil pela visita de Estado do presidente chileno Gabriel Boric. Segundo importantes autoridades brasileiras, o tema mais importante a ser discutido será o tão aguardado Corredor Rodoviário Bioceânico, que ligará os oceanos Atlântico e Pacífico por meio dos portos do norte do Chile. E estaria quase pronto.
Também conhecido como Corredor de Capricórnio ou “Canal do Panamá Brasileiro”, o megaprojeto conecta por terra as regiões do Mato Grosso do Sul, no Brasil, com o Chaco paraguaio e as províncias de Salta e Jujuy, na Argentina, terminando em Iquique, Mejillones e Antofagasta, atingindo uma extensão de 2.300 quilômetros (algo como a distância de Santiago a Chiloé e vice-versa).
“No ano que vem, essa rota estará pronta, e tanto a exportação de produtos brasileiros pelo Chile para os mercados asiáticos quanto a importação de produtos chilenos para o Brasil serão uma tremenda oportunidade para ambos os países”, disse o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, durante o lançamento da pedra fundamental da fábrica de celulose Sucuriú da Arauco em seu estado.
Além disso, a ministra do Planejamento e Orçamento da gigante sul-americana, Simone Tebet, disse no evento que esteve no Chile no final de março e se reuniu com o ministro de Obras Públicas e o ministro da Economia para discutir o assunto.
Ele acrescentou: “No dia 22 de abril, o presidente Boric se reunirá com Lula para discutir esse caminho de integração, e ele trará empresários e investidores chilenos. Sonhamos com a integração sul-americana há 40 anos.”
Por sua vez, o presidente interino do Brasil, Geraldo Alckmin, confirmou que as obras do lado brasileiro estão praticamente concluídas e comemorou: “Essa rota trará um crescimento exponencial extraordinário para essa região”.
“Ainda este ano”
Tebet, com uma longa experiência política, foi um dos principais proponentes e negociadores do Corredor e disse que a rota poderia ser concluída “ainda este ano”.
Na mesma linha, e do Chile, o governador de Antofagasta, Ricardo Díaz — membro da Comissão de Alto Nível criada pelo governo para o desenvolvimento do Corredor — comentou que “a projeção é de que até o final deste ano ou início de 2026 começaremos a ver o início do transporte de cargas (pela rota)”.
Sobre o andamento das obras no norte do Chile, ele disse que “o Chile já concluiu a conectividade da fronteira até o porto”.
Assim, faltariam apenas a conclusão da ponte que liga Porto Murtinho a Carmelo Peralta, entre o Brasil e o Paraguai, e da Ponte Pozo Hondo que liga o Paraguai à Argentina. Ambos os projetos, segundo a imprensa desses países, estão 70% concluídos.
Vale lembrar que em agosto de 2024, o governo chileno anunciou um investimento de 85 bilhões de pesos para melhorar a Rota 24, que liga Tocopilla a Calama e é uma parte fundamental do Corredor no Chile.
Várias fontes familiarizadas com o megaprojeto confirmaram à DF que o governo chileno fará um anúncio sobre a Rota Bioceânica nesta semana.
Rota principal em meio à guerra comercial
Com um timing quase perfeito, a conclusão do projeto mais ambicioso da América Latina — concebido há 10 anos — assume um significado especial dado o turbulento contexto global.
Rosario Navarro, presidente da Sofofa, que acompanhará o presidente ao Brasil e liderará a comitiva empresarial da visita, afirmou que “em um ambiente internacional turbulento e mutável, especialmente em meio a uma guerra tarifária, ter uma infraestrutura estratégica como essa é fundamental para diversificar nossas rotas, aumentar a resiliência de nossas cadeias produtivas e posicionar o Chile como um polo natural entre o Atlântico e o Pacífico”.
Ele acrescentou que o sindicato tem promovido fortemente o Corredor, “porque representa uma ação concreta para impulsionar o crescimento do país”, além de fortalecer o comércio e a integração regional, “facilitando o fluxo de bens e serviços e reduzindo significativamente os custos logísticos”.
Segundo a Presidência, o foco central da visita ao Brasil será a integração econômica, os investimentos e o comércio, fortalecendo a presença do Chile como seu principal parceiro comercial na região.
“Também faz parte da estratégia fortalecer a diversificação de aliados, em um contexto global particularmente desafiador”, indicaram. “Além disso, há uma afinidade política e harmonia entre os dois chefes de Estado”, afirmaram em La Moneda.
Sobre o Corredor, eles confirmaram que ele será discutido durante a viagem e que “o Chile está comprometido com esta iniciativa e pronto para avançar com sua implementação o mais rápido possível, especialmente porque o Presidente Boric tem um compromisso significativo com a integração regional”.
Fonte: DF Sud