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Especialistas reafirmam efeitos favoráveis ​​da Rota Bioceânica para o Chile

A perspectiva de importantes benefícios econômicos e geopolíticos, assim como os desafios futuros com investimentos em infraestrutura e logística, fazem parte dos cenários que o Chile enfrenta diante do avanço progressivo e cada vez mais rápido do projeto da Rota Bioceânica, que ligará o Brasil aos portos do norte do nosso país.

O exposto foi concretizado no âmbito da publicação pelo Ministério da Infraestrutura, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, do edital de licitação dos estudos de conectividade com a referida artéria de comunicação.

O analista Guillermo Holzmann confirma que ações como essa “demonstram que o Brasil está mantendo seus planos de médio prazo”.

“Este projeto de conectar o Brasil aos portos do norte do Chile remonta a pelo menos 10 anos. Houve uma série de reuniões no norte do Chile, e tudo o que isso implica, tanto em termos da capacidade de armazenagem de contêineres, quanto dos serviços e plataformas logísticas que precisam ser implementados. Isso constitui uma decisão política e estratégica do governo brasileiro que, sem dúvida, favorece o Chile. O Chile tem sido um dos principais impulsionadores dessa rota de conectividade, passando pela Bolívia, país com o qual ainda não foi firmado nenhum acordo”, explicou Holzmann.

Por sua vez, Gabriel Gaspar acrescenta que “o norte do Chile é a porta de entrada para o maciço continental e para as bacias amazônica e guarani”. Nesse contexto, ele também explica que tanto “Brasil quanto Argentina precisam de um escoamento rápido e estável para o Pacífico, especialmente para exportar sua soja para a Ásia”, enfatizando que “grande parte de suas lavouras é cultivada em Mato Grosso, no sudoeste do Brasil”.

Nesse cenário, “os portos chilenos são a rota mais rápida para essas exportações dos países do Mercosul”. 

Este não é um detalhe menor, considerando que a capacidade dos portos brasileiros naquela região, especialmente Santos, já está praticamente saturada, e os produtores do rico sul agrícola do Brasil precisam de rotas de acesso aos seus mercados prioritários.

Sobre esse ponto, Holzmann comenta que, com a decisão de avançar com esse projeto mais rapidamente, “o Brasil demonstra que sua visão de futuro está na Ásia-Pacífico, e também no Indo-Pacífico, e, consequentemente, constitui uma visão estratégica que exige do Chile uma visão de médio e longo prazo, não apenas do ponto de vista econômico e comercial, mas também estratégico. As linhas de comunicação são relevantes do ponto de vista geoestratégico, e isso deve ser levado em consideração.”

Em relação ao futuro da iniciativa, as coisas parecem promissoras. O Paraguai inaugurou os primeiros projetos com os quais se comprometeu em março, país que está particularmente interessado na conclusão do projeto para consolidar sua rota de acesso ao Pacífico. No caso da Argentina, o norte do país vizinho “é uma das áreas que requer investimentos significativos e também é de interesse deles, e teremos que ver o que acontece com as províncias além do plano federal”, comenta Holzmann.

No caso do nosso país, o analista indica que “a questão é como o Chile conseguirá lidar com tudo isso, já que a exportação de produtos do Brasil pelos portos chilenos representa um importante impulso econômico para as regiões de Antofagasta e Iquique, e também implica um fortalecimento da zona de fronteira”.

O projeto teve seus desafios. Segundo Gabriel Gaspar, “o Brasil precisa conectar sua zona industrial atlântica, especialmente São Paulo. Mas as exportações de soja se originam no sudoeste e têm como destino principal a China, então sua melhor rota para o Pacífico é pelo norte do Chile.”

Mas também surgiram alternativas, incluindo rotas diretas para portos peruanos, bem como o desvio da rota pela Bolívia. Nesse sentido, Gaspar observa que “a ferrovia (para portos peruanos) é um projeto antigo, custoso e difícil, que teria que atravessar a Amazônia e a parte mais alta dos Andes”, ressaltando as dificuldades econômicas e físicas que essa alternativa enfrenta.

Por fim, Holzmann destaca que as decisões que estão sendo tomadas no Brasil são “boas notícias”. Além disso, argumenta que, em termos estratégicos, a pandemia (de COVID-19) é considerada um fenômeno que pode eventualmente atrasar o projeto, mas isso não anula a prioridade estratégica que esses projetos têm numa perspectiva de médio e longo prazo, dados os benefícios que implicam para uma recuperação econômica melhor e mais rápida.

Cabe destacar que o projeto exigiu um esforço de desenvolvimento de estudos técnicos para a execução de diversos trechos, sob a responsabilidade de cada país signatário da iniciativa: corredor Campo Grande – Puerto Murtinho (Brasil); Carmelo Peralta – Mariscal Estigarribia – Pozo Hondo (Paraguai); Missão La Paz – Tartagal – Jujuy – Salta (Argentina); Sico – Jama – portos do norte do Chile.

Estima-se que, uma vez implementado, o tempo de trânsito de produtos produzidos ou adquiridos no Brasil será reduzido em até 14 dias para importações e exportações de e para a Oceania e Ásia.

Segundo estimativas, uma vez inaugurada, a rota permitirá o trânsito de aproximadamente 25 milhões de toneladas de grãos do Brasil para portos chilenos.

Fonte: Portal de informações/ Empresa Oceano CL.

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