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De Chancay ao Açu: desenvolvimento ou exportador de commodities?

A construção da primeira ferrovia transcontinental através do interior da América do Sul, ligando os portos atlânticos do Brasil ao porto de Chancay, no Peru, mobiliza autoridades peruanas, que se reuniram no final de maio com representantes da China e esperam alinhar os interesses dos 2 países com os brasileiros.

O ministro da Economia e Finanças, Raúl Pérez Reyes, afirmou que o próximo passo é reunir-se com o Brasil e “alinhar os interesses estratégicos dos três países e definir um acordo-quadro para definir o investimento, a demanda e a execução dos projetos ferroviários”. Pérez Reyes anunciou que o Peru está “disposto a cofinanciar nossa parte” da ferrovia.

Diversas rotas já foram propostas desde que a ferrovia bioceânica começou a ser planejada. O Peru parece ter interesse pela “rota norte”, ligando Lima a Pucallpa, cidade na região nordeste da Amazônia, e daí para o Brasil.

A questão que salta é: qual o projeto do Brasil para essa ferrovia? Se limitar a criar um corredor via Chancay para exportar commodities para a China via Pacífico seria perder oportunidade de criar um corredor de desenvolvimento pelo interior brasileiro, implantando indústrias, serviços e inovação e exportando produtos de alto valor para a Ásia. Veja o que está ocorrendo no Porto de Açu, Norte Fluminense.

A China Merchants Port Holdings (CMPORT), do grupo estatal China Merchants Group (CMG), está prestes a controlar um terminal estratégico de petróleo através da aquisição da Vast Infraestrutura, empresa controlada pela Prumo Logística, holding responsável pelo desenvolvimento do Porto do Açu.

Na opinião do ex-secretário estadual de Energia e Indústria Naval Wagner Victer, “querem transformar o Porto do Açu em um mero corredor de exportação de commodities, descaracterizando a filosofia de Porto Indústria ligada à concepção inicial de quando criamos o porto”.

“Para aqueles que não acreditavam que o ramal da Ferrovia EF118 somente para o Espírito Santo seria somente para a exportação de minério vindo de outros estados, está aí mais uma evidência objetiva. Infelizmente, como cidadão, percebo que há atualmente uma incapacidade de perceber e agir em defesa dos interesses econômicos fluminenses”, lamenta Victer.

Fonte: Monitor Mercantil

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