Cláudio Cavol alerta sobre falta de motoristas e aposta na Rota Bioceânica como o futuro
Com a voz de quem há décadas carrega o peso do asfalto nos ombros, Cláudio Cavol, presidente da Setlog-MS (Sindicato das Empresas de Transporte e Logística de MS), foi direto ao ponto ao conversar com o Grupo Feitosa de Comunicação, durante a Expogrande 2025. Entre os estandes e o cheiro de churrasco no ar, ele trouxe à tona um assunto que o campo sente, mas a cidade muitas vezes ignora: o caos da BR-163 e o impacto da falta de motoristas de caminhão em Mato Grosso do Sul. “Essa rodovia é a principal artéria de desenvolvimento do Estado. E hoje está entupida, perigosa e abandonada”, afirmou Cavol.
O pedágio que cobra, mas não entrega – A crítica foi pesada — e certeira — contra a concessionária responsável pela BR-163, a CCR MSVia. Cavol destacou que, apesar de cobrar pedágios altíssimos, a empresa não duplicou trechos prometidos, não investiu em melhorias e agora ainda propõe continuar com a concessão por mais 30 anos, entregando apenas “107 km a mais de duplicação”.
“É um absurdo. Enquanto isso, os acidentes aumentam, as mortes se acumulam, e o Estado cresce. Se nada for feito, vamos parar de crescer porque não temos rodovia para escoar a produção”, criticou.
O trânsito parado e as vítimas do improviso – Na BR-163, trechos urbanos se misturam com o tráfego pesado dos caminhões. Cavol lembrou a situação crítica na região do bairro Jardim Noroeste, em Campo Grande, onde semáforos, quebra-molas e acidentes se tornaram rotina.
“Uma BR não pode virar avenida de bairro. Precisamos de viadutos, contornos e fluidez, não de remendos”, afirmou.
20 mil vagas sem motoristas – Outro ponto grave abordado foi o déficit de motoristas. Segundo Cavol, faltam mais de 20 mil caminhoneiros em Mato Grosso do Sul. “Tem transportadora com caminhão parado. Aí, na pressa, contratam gente sem experiência. Resultado? Mais acidentes.”
Ele lamenta que a profissão, antes motivo de orgulho, agora assuste. “O pai já não ensina mais o filho a dirigir caminhão. A mãe tem medo. A esposa não quer que o marido vá pra estrada. A segurança virou medo.”
Rota Bioceânica: a esperança na fronteira – Se o presente preocupa, o futuro aponta para o Oeste. Cavol é entusiasta da Rota Bioceânica, que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico, passando por Paraguai, Argentina e Chile.
“É o nosso xodó. Começamos esse projeto há 12 anos. Quando essa rodovia estiver 100%, com alfândega e ponte funcionando, o Mato Grosso do Sul vai mudar. Vai ser outro Estado.”
Ele acredita que o trajeto vai baratear fretes, abrir mercados e atrair turistas. “É integração, não só econômica, mas cultural. E o turismo vai crescer muito também”, apostou.
Fonte: A Crítica