A ponte que vai ligar o Brasil ao Pacífico: com 1.294 metros e investimento de R$ 472 milhões, obra fica pronta em 2026 para revolucionar o agronegócio
Estrutura que liga Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (PY) está em fase final de construção e promete reduzir em mais de 9.000 km a distância para os mercados asiáticos, fortalecendo a exportação da safra brasileira.
Uma das obras de infraestrutura mais importantes da América do Sul está em sua fase final. A ponte que vai ligar o Brasil ao Pacífico é a peça-chave para um corredor rodoviário que promete transformar a logística de exportação do agronegócio brasileiro, encurtando distâncias e barateando custos de transporte para os gigantescos mercados asiáticos.
Localizada sobre o Rio Paraguai, a estrutura é o elo que faltava para viabilizar a chamada Rota Bioceânica. Com inauguração prevista para o primeiro semestre de 2026, a ponte não é apenas uma obra de engenharia, mas um projeto estratégico que vai redesenhar as rotas comerciais do continente e fortalecer a posição do Brasil no cenário global.
O que é e onde fica a ponte que vai ligar o Brasil ao Pacífico?
A Ponte Bioceânica é uma imponente estrutura do tipo estaiada (sustentada por cabos) que está sendo construída sobre o Rio Paraguai, conectando as cidades de Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, e Carmelo Peralta, no Paraguai. A obra é a peça fundamental para viabilizar o corredor rodoviário bioceânico.
Com 1.294 metros de extensão total e um vão de navegação principal de 350 metros, a ponte possui dois pilares principais que atingem 130 metros de altura, o equivalente a um prédio de mais de 40 andares.
O investimento na estrutura é de R$ 472,4 milhões, totalmente financiado pelo governo federal brasileiro.
Embora a expectativa inicial fosse de conclusão em 2025, o cronograma foi atualizado, e a inauguração deve ocorrer entre fevereiro e maio de 2026.
O caminho para o Pacífico: a rota que atravessa 4 países da América do Sul

A ponte é o ponto de partida de um corredor transcontinental que atravessa quatro países. A rota começa no Centro-Oeste brasileiro, cruza o Chaco paraguaio, passa pelo noroeste da Argentina e finalmente chega aos portos do norte do Chile, com acesso direto ao Oceano Pacífico.
Dentro desta nova artéria logística, cidades como Campo Grande (MS) devem se transformar em importantes centros logísticos e entrepostos comerciais, consolidando cargas do agronegócio para exportação.
A rota foi projetada para conectar territórios que historicamente ficaram à margem dos grandes eixos de desenvolvimento, promovendo uma maior integração econômica entre os países sul-americanos.
12 dias a menos para a Ásia: como a ponte que vai ligar o Brasil ao Pacífico vai baratear o frete para a safra de MS
O maior impacto da ponte que vai ligar o Brasil ao Pacífico será sentido no agronegócio. A nova rota vai oferecer uma economia drástica de tempo e dinheiro para exportar a produção do Centro-Oeste para os mercados asiáticos.
Redução de tempo: uma viagem de navio de um porto chileno até Xangai, na China, leva cerca de 42 dias. Pelas rotas tradicionais, via Canal do Panamá, o mesmo percurso leva em torno de 54 dias. A economia é de aproximadamente 12 dias.
Redução de distância: a rota para a Ásia será encurtada em mais de 9.700 quilômetros em comparação com o caminho pelo Oceano Atlântico.
Redução de custo: o frete de um contêiner para Xangai, por exemplo, pode ter uma redução de até 35%. Para a exportação de carne, a economia pode superar os 20%.
Essa eficiência logística tornará produtos como soja, milho e carnes de Mato Grosso do Sul muito mais competitivos no mercado internacional.
Os desafios da obra: os impactos ambientais no Pantanal e no Chaco

Um projeto desta magnitude traz consigo desafios significativos. A construção e a operação do corredor rodoviário geram preocupações com os impactos ambientais em ecossistemas sensíveis, como o Pantanal brasileiro e o Chaco paraguaio.
Estudos apontam riscos de desmatamento, aumento do tráfego de veículos pesados, poluição e atropelamento de animais silvestres.
A valorização das terras ao longo da rota também pode intensificar a pressão da monocultura sobre áreas de vegetação nativa.
Para mitigar esses problemas, é crucial a implementação de uma governança ambiental robusta e de Avaliações Ambientais Estratégicas (AAE) que considerem os impactos cumulativos de todo o corredor.
A nova conexão do Brasil com os mercados asiáticos
Além da economia, a ponte que vai ligar o Brasil ao Pacífico tem um profundo significado geopolítico. Ao criar uma nova e eficiente saída para o Oceano Pacífico, a rota aumenta a autonomia estratégica do Brasil, reduzindo a dependência do Canal do Panamá e dos portos do Sul e Sudeste.
Essa conexão direta com a Bacia do Pacífico fortalece o posicionamento do Brasil no comércio com as economias dinâmicas da Ásia, que são as maiores consumidoras de commodities agrícolas do mundo.
A ponte, portanto, não é apenas um elo físico, mas uma peça estratégica que vai aprofundar a integração sul-americana e projetar o Brasil de forma mais assertiva no cenário global.
Fonte: CPG – Click Petróleo e Gás